O processo analítico: mais do que “consertar”, é habitar a si mesmo
- Jéssica Domingues
- 15 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de abr.
O processo analítico, diferente de muitas psicoterapias que prometem uma “cura” para os sintomas, propõe algo mais profundo: a subjetivação. Em outras palavras, trata-se da implicação psíquica do sujeito consigo mesmo.
“Nossa, Jéssica, que jeito difícil de explicar... fala português!” Certo, você tem razão — vou tentar explicar de outro jeito.
No evento do último dia 23/03, Fernando Urribarri trouxe um exemplo clínico de um menino que desenhou uma pessoa dentro de outra. A mãe interpretou como se ele estivesse representando uma gestação. Mas o menino respondeu: “É que eu vivo dentro de mim.”
Hoje em dia, é comum que os pacientes cheguem aos consultórios com o pedido: “me conserta, por favor”, como se fossem objetos remendáveis. E olha que, atualmente, quase ninguém conserta mais nada — joga fora e compra outro. Mas não vou me dispersar... Vamos voltar ao ponto principal: somos pessoas e habitamos a nós mesmos.
É evidente que nossos sintomas nos fazem sofrer. Se não fizessem, ninguém buscaria um consultório. Mas o que gera os nossos sintomas? O que eles dizem sobre nós?
Se nem mesmo sintomas orgânicos podem ser tratados sem uma investigação sobre suas causas e implicações, por que pensaríamos que com os sintomas psíquicos seria diferente?
A duração de um processo analítico não está relacionada à simples “eliminação” do sintoma, mas à implicação do sujeito na reflexão sobre seu próprio psiquismo. Em conhecer essa pessoa que existe dentro dele — e que, muitas vezes, é um ilustre desconhecido.
O processo analítico não é uma linha reta nem tem tempo certo para terminar. Mas ele pode ser o caminho para você se encontrar com quem te habita — e isso, talvez, seja mais transformador do que simplesmente se “consertar”.
Se você sente que está tentando viver “para fora” o tempo todo, talvez seja hora de olhar para dentro — e descobrir quem vive aí, em você.

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