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Repetição e Inconsciente: é possível mudar o roteiro da própria vida?

  • Foto do escritor: Jéssica Domingues
    Jéssica Domingues
  • 7 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 25 de jun.

Você já se pegou vivendo a mesma história com personagens diferentes?


Talvez um namoro que parece uma reprise do anterior, ou um chefe que evoca, com precisão inquietante, aquela professora rígida do colégio. Mudam os rostos, os lugares, as fases da vida — mas o enredo se reprisa. Como se, de forma silenciosa, algo dentro de nós escolhesse sempre o mesmo roteiro.


Na psicanálise, chamamos isso de repetição. Mas não se trata de erro ou azar. A repetição, para Freud, é um fenômeno psíquico: repetimos não apenas o que nos traz prazer, mas também aquilo que nos marcou de forma dolorosa — justamente para tentar simbolizar, elaborar, transformar.


Repetição como tentativa de elaboração


Nem toda repetição é consciente, afinal repetição e inconscientes muitas vezes andam de mãos dadas. Repetimos pode ser para esquecer o que não conseguimos lembrar — trata-se de uma expressão do que permanece sem elaboração. É mesmo reconhecendo padrões, sentimos dificuldade em escapar deles.


E isso pode gerar sofrimento. Porque há repetição que pesa: aquela que esvazia, que desgasta, que nos prende ao passado em forma de presente contínuo, muitas vezes tirando a esperança no futuro.


O espaço da análise: entre memória e criação


A clínica psicanalítica oferece um espaço para escutar essas repetições. Ao invés de julgá-las, o processo analítico se propõe a compreendê-las e destinar os afetos envolvidos a fim de encontrar num novo fim para uma história antiga. O que essa repetição quer dizer? De que história ela é eco? A resposta não vem pronta — mas, aos poucos, pode surgir uma nova forma de se posicionar diante da própria história.


A análise não promete finais felizes, mas convida a uma escrita mais consciente da vida. E, com isso, algo que parecia imutável pode, enfim, se deslocar.


Uma nova chance de viver diferente


Seja nos vínculos amorosos, familiares ou profissionais, reconhecer os roteiros repetidos é o primeiro passo para transformá-los. O que se repete, às vezes, não quer se repetir — quer encontrar uma nova via.


E quando conseguimos fazer isso, ainda que discretamente, é como se abríssemos a possibilidade de um novo capítulo. Um capítulo que não apaga o anterior, mas que deixa de ser mera continuação.


A análise não oferece um novo final pronto — mas abre espaço para que possamos deixar de apenas repetir e comecemos, quem sabe, a criar algo novo.


Como canta Belchior,

"No presente, a mente, o corpo é diferente E o passado é uma roupa que não nos serve mais."

E talvez seja esse o convite da análise: deixar que o que já não nos veste mais seja finalmente despido, abrindo caminho para um outro enredo — menos repetido, mais vivido.


Referências:


Pintura tradicional em estilo realista retrata uma audição teatral. No palco iluminado, uma atriz vestida com um figurino marcante se apresenta diante de uma fileira de outras pessoas com o mesmo figurino, aguardando sua vez. As candidatas interagem entre si com expressões diversas — algumas riem, outras cochicham. Ao fundo, o cenário teatral e as luzes sugerem o clima de ensaio e repetição de papéis.
Mesmo figurino, novos atores: uma mesma história pode se repetir com rostos diferentes, até que algo do roteiro comece a mudar.

Sobre a Autora:

Jéssica Domingues é psicanalista com percurso formativo pelo Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo. Atende adolescentes e adultos em consultório particular, com atendimento presencial em Higienópolis (São Paulo) e Cerâmica (São Caetano do Sul), além de atendimentos online. Participa de grupos de estudos voltados à psicanálise contemporânea. Interessa-se por temáticas como depressão, luto, repetição e as formas atuais de mal-estar. É autora do artigo “O conceito de limite em André Green como proposta anti-procustiana ao enquadre clássico”, apresentado na Jornada de Membros do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes de 2022.

Se esse texto te deixou pensando, e quiser conversar sobre um possível início, você pode agendar uma sessão ou me escrever.

2 comentários


leitelalia
07 de mai.

O seu texto ficou maravilhoso! Parabéns!

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Jéssica Domingues
Jéssica Domingues
08 de mai.
Respondendo a

Obrigada!

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