Angústia sem causa: quando o sofrimento não tem explicação
- Jéssica Domingues
- 1 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de nov.
O que é a angústia sem causa aparente?
Nem toda dor tem um nome definido. A angústia pode, muitas vezes, aflorar de algo que escapa à consciência. Ela pode surgir sem objetos identificáveis, como um sinal de que há algo em perturbação, mesmo que ainda não compreensível.
É como um vento que atravessa a alma sem anunciar de onde vem. Uma inquietação que não se deixa conter por explicações lógicas.
Muitas pessoas descrevem assim: “Não aconteceu nada, mas estou angustiada”. E o que será que essa angústia diz?

Quando o corpo sente o que a mente ainda não entende
A angústia pode se manifestar no corpo — falta de ar, aperto no peito, insônia — quando o sujeito não consegue simbolizar algo que o atravessa. Algo está sendo dito pelo corpo, não encontrando palavras pra escoar. Um ruído do que ainda não foi elaborado.
Sentir angústia sem saber o motivo pode nos colocar em uma caverna de muitos ecos e que suas reverberações nos mostrarão o caminho.
Como a psicanálise pode ajudar quando não há um “motivo”?
O setting analítico oferece um espaço onde o sujeito pode se escutar — sem precisar justificar o que sente. A fala, mesmo fragmentada, permite perder-se e encontrar-se na caverna de muitos ecos. Às vezes, só conseguimos entender depois. Na análise, é possível habitar esse não-saber, até que algo comece a se dizer. Como quem caminha no nevoeiro e, aos poucos, começa a ver formas que antes estavam encobertas.
Mesmo que você não tenha as palavras ainda, o essencial talvez não seja nomear de imediato, mas permitir-se olhar com cuidado para o que dói.
Se a sua angústia não tem nome, talvez ela esteja pedindo um espaço onde possa, aos poucos, ser escutada. A análise pode ser esse lugar.
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Sobre a Autora:
Jéssica Domingues é psicanalista com percurso formativo pelo Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo. Atende adolescentes e adultos em consultório particular, com atendimento presencial em Higienópolis (São Paulo) e Cerâmica (São Caetano do Sul), além de atendimentos online. Participa de grupos de estudos voltados à psicanálise contemporânea. Interessa-se por temáticas como depressão, luto, repetição e as formas atuais de mal-estar. É autora do artigo “O conceito de limite em André Green como proposta anti-procustiana ao enquadre clássico”, apresentado na Jornada de Membros do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes de 2022.
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