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Dor sem nome: por que escutar o que sentimos pode transformar?

  • Foto do escritor: Jéssica Domingues
    Jéssica Domingues
  • 21 de mai.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 15 de jul.

O fluxo obriga qualquer flor a abrigar-se em si mesma sem memória. O fluxo onda ser impede qualquer flor de reinventar-se em flor repetida. O fluxo destrona qualquer flor de seu agora vivo e a torna em sono. O universofluxo repele entre as flores estes cantosfloresvidas. - Mas eis que a palavra cantoflorvivência re-nascendo perpétua obriga o fluxo cavalga o fluxo num milagre de vida. Tempo, Orides Fontela

Vivemos tempos em que a dor precisa explicar sua existência. Como se só tivesse valor aquilo que sangra, aparece ou paralisa. Mas e quando a dor se esconde?


O que é dor psíquica e por que ela é tão difícil de nomear?


A dor psíquica não se mede por exames ou se localiza em imagens. Ela escapa aos diagnósticos imediatos, mas se infiltra no corpo, no sono, na libido, no humor — e, muitas vezes, na forma como nos relacionamos com o mundo e conosco. Nem toda dor se apresenta como choro. Às vezes, ela se manifesta como um silêncio persistente, um incômodo vago, uma irritação constante.


Quando uma dor sem nome encontra outros caminhos para aparecer


Na situação de questões emocionais não encontrem elaboração psíquica, elas buscam outros caminhos para se expressar. A dor que não tem nome, pode virar: sintomas no corpo, compulsões, bloqueios e mal-estares diversos surgem como tentativas — às vezes falhas — de dar conta do que ainda não foi simbolizado. Não é raro que esse lugar seja ocupado por comportamentos como a compulsão alimentar, o uso de substâncias ou mesmo o aparentemente inofensivo, porém compulsivo, rolar de feed nas redes sociais. São formas de anestesiar buracos simbólicos, de calar uma dor que insiste em se fazer presente.


E é importante lembrar: estar funcional não é o mesmo que estar saudável. A capacidade de seguir com as tarefas do cotidiano — trabalhar, estudar, sorrir em reuniões ou interagir nas redes sociais — muitas vezes camufla o sofrimento interno. Quantas vezes não ouvimos (ou dissemos) “mas você parece tão bem”?


Muitos quadros psicopatológicos podem se mascarar na evitação, por exemplo: nem toda depressão se mostra da mesma forma. Há quem acredite que estar deprimido é estar prostrado, incapaz de sair da cama. E sim, isso pode acontecer. Mas existem também formas de depressão que se disfarçam de produtividade — pessoas que se mantêm em movimento constante, ocupadas o tempo todo, como forma de não se deparar com o vazio. Uma defesa ativa contra um sofrimento persistente.


A psicanálise oferece uma via: não para calar a dor, mas para escutá-la. Com a delicadeza e a paciência próprias do processo analítico, aquilo que está solto, desconexo, começa a encontrar ligação. Como quem, pouco a pouco, tece uma teia simbólica — e as dores, antes sem nome, começam a ganhar contorno, significado, história.


Dizem que a dor é inevitável e o sofrimento opcional. A verdade é que o caminho de significação da dor passa justamente pela possibilidade de transformá-la. E, para isso, é preciso sofrê-la — não no sentido de se entregar passivamente à dor, mas de estabelecer um diálogo com ela, cuidando de seus machucados para que possam virar cicatrizes. Cicatrizes que contam histórias, e não mais feridas mal curadas que sangram por terem sido negligenciadas. Uma dor que vira cicatriz carrega história, significado, cuidado — e, acima de tudo, é a marca de que o tempo teve um efeito, mas passou.


A aposta que a psicanálise sustenta: de que a dor tem sentido — mesmo quando ainda não sabemos qual.


Referências:

  • Fontela, O. (2015). Orides Fontela poesia completa.


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Silhueta azulada de uma figura humana, de perfil, envolta em tons suaves de amarelo e azul. No peito, há uma flor alaranjada com galhos escuros. A imagem transmite introspecção, delicadeza e silêncio emocional.
A dor, quando ainda não encontra palavras, pode parecer suspensa no tempo. Mas há uma escuta possível — e nela, o início da transformação. 🌿

Sobre a Autora:

Jéssica Domingues é psicanalista com percurso formativo pelo Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo. Atende adolescentes e adultos em consultório particular, com atendimento presencial em Higienópolis (São Paulo) e Cerâmica (São Caetano do Sul), além de atendimentos online. Participa de grupos de estudos voltados à psicanálise contemporânea. Interessa-se por temáticas como depressão, luto, repetição e as formas atuais de mal-estar. É autora do artigo “O conceito de limite em André Green como proposta anti-procustiana ao enquadre clássico”, apresentado na Jornada de Membros do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes de 2022.


Se esse texto te deixou pensando, e quiser conversar sobre um possível início, você pode agendar uma sessão ou me escrever.

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